28 de março de 2024

Náutico se posiciona após funcionário ser acusado de importunação sexual

Folha de Pernambuco

No início da noite desta segunda (22), o Náutico publicou uma nota se posicionando sobre a denúncia da ex-diretora da Mulher e de Operação de Jogos, Tatiana Roma, que acusou o superintendente financeiro do clube, Errisson Rosendo de Melo, de importunação sexual, calúnia, difamação e injúria. No texto, o Timbu indicou que o funcionário pediu afastamento do cargo enquanto o assunto está sendo tratado no âmbito jurídico.

Confira a nota:

A respeito de denúncia que está circulando nas redes sociais e na imprensa, a diretoria do Náutico vem se posicionar sentido de que:

Sob orientação do setor jurídico, à época em que o assunto veio ao conhecimento da gestão, foi indicado que haveria um diálogo entre as partes, e que veio a se confirmar com a posterior celebração de um acordo, o que representava, naquele momento, um entendimento.

Se, de fato, há desdobramentos recentes, inexistentes no período citado, será envidada uma apuração detalhada do ocorrido, para eventuais novas deliberações.

Naturalmente, diante da gravidade da denúncia, o funcionário em questão pediu afastamento enquanto o assunto está sendo tratado no âmbito jurídico. Todas as medidas que se fizerem necessárias serão adotadas para que não restem dúvidas sobre os fatos e efetiva ação, no caso de outras medidas administrativas cabíveis.

Ficam reiterados aqui os princípios sempre praticados pela gestão, de combate a todas as formas de desrespeito, preconceito ou intolerância, de qualquer ordem.

Entenda

Folha de Pernambuco teve acesso ao B.O, registrado no dia 12 de novembro deste ano, na 1ª Delegacia de Polícia da Mulher, no bairro de Santo Amaro, no Centro do Recife. No documento, Tatiana afirma que foi vítima dos crimes entre maio de 2020 a julho de 2021. Ela cita no texto que Errisson teria proferido frases de conotação sexual.

A ex-diretora também acusa o superintendente de pedir a um membro de uma Torcida Organizada do Náutico para que ele registrasse uma falsa denúncia de injúria racial contra Tatiana. Em postagem por meio de uma rede social, ela disse que, em setembro, já havia protocolado uma denúncia ao Conselho Deliberativo do clube, mas o mandatário do CD, Alexandre Carneiro, respondeu que ela deveria “deixar o processo para 2022”.

Diante da situação, Tatiana procurou Edno Melo, que propôs um acordo. Ela tiraria o processo contra Errisson no Conselho e, em troca, o funcionário, que permaneceria no cargo até o fim de 2021, ia doar cestas básicas para uma instituição de caridade. A ex-diretora concordou, mas disse em seguida que o ponto não foi cumprido, o que a levou a entrar com uma nova petição.

“Falei com o presidente no começo de julho. Disse que não aguentava mais. Ele disse que ia falar com a pessoa envolvida, mas o comportamento não mudou. Sem falar que outras ex-quatro funcionárias também passaram por isso, mas elas dependiam do clube e ficaram com medo. Eu, por outro lado, não era diretora remunerada, não dependia. Mesmo assim, tentei fazer tudo em sigilo com medo da exposição, mas precisei fazer isso (denunciar)”, afirmou Tatiana, em entrevista à Folha de Pernambuco.

“Após o acordo, o presidente fez um depósito de R$ 2.500, mas esse valor não era compatível ao das 50 cestas básicas estipuladas. Além disso, no último sábado, Alexandre Carneiro ligou para um membro da minha família para me intimidar. Ele disse que a imagem do clube era maior do que isso. Sem falar que citaram uma questão ‘política’ sobre a denúncia (por conta das eleições presidenciais, em dezembro). Mas ela foi feita em setembro, quando nem existiam as chapas formadas. Não sou de chapa alguma. Sou conselheira do clube. Em momento algum, por exemplo, eu falo algo de Diógenes Braga (vice do Náutico e candidato à presidência pela situação). Nunca cheguei a ele para falar sobre esse assunto. Sou amiga de Bruno Becker (candidato à presidência pela oposição), mas não estou envolvida na campanha dele”, apontou.

Folha de Pernambuco procurou Errisson para comentar as acusações. O superintendente informou que o assunto seria tratado com o advogado dele, Luiz Gaião. A reportagem conversou com Gaião, que disse ainda não ter tido acesso ao B.O. “Primeiro, preciso ver o documento, checar quais alegações ela fez para, em seguida, me pronunciar sobre o caso”, explicou.  A Folha também contactou Alexandre Carneiro, presidente do Conselho Deliberativo, mas não obteve retorno.