19 de abril de 2024

Pesquisa identifica homem naturalmente imune à Covid-19

O escritor estadunidense John Hollis, de 54 anos, descobriu que tinha anticorpos que o tornavam imune à Covid-19. A história de Hollis começou quando ele suspeitou que havia pego a doença ao hospedar um amigo. Porém, ao tentar descobrir se havia contraído o Sars-Cov-2, o escritor descobriu que possui superanticorpos contra o vírus. A descoberta foi divulgada por uma reportagem da BBC News.

A investigação, que acabou por descobrir a alta imunidade, foi iniciada ao comentar com o médico e pesquisador Lance Liotta sobre a suspeição de ter contraído a doença, em julho de 2020. Hollis trabalha na comunicação da Universidade George Mason, onde o pesquisador leciona.

“Nós coletamos o sangue de Hollis em diferentes momentos e agora é uma mina de ouro para estudarmos diferentes formas de atacar o vírus”, afirmou Liotta, que já realizava estudos na área.

Hollis, que achava ter simplesmente sorte por não contrair a doença, ficou surpreso ao descobrir sua imunidade natural ao vírus. “Essa tem sido uma das experiências mais surreais da minha vida”, contou.

Para a maioria das pessoas, os anticorpos que se desenvolvem para combater o vírus atacam as proteínas das espículas do coronavírus — formações na superfície do Sars-Cov-2 em formato de espinhos que o ajudam a infectar as células humanas.

“Os anticorpos do paciente grudam nas espículas e o vírus não consegue grudar nas células e infectá-las”, explica Liotta. O problema é que, em uma pessoa que entra em contato com o vírus pela primeira vez, demora certo tempo até que o corpo consiga produzir esses anticorpos específicos, o que permite que o vírus se espalhe.

Com Hollis, os anticorpos agem de forma diferente: eles atacam diversas partes do vírus e o eliminam rapidamente. Eles são tão potentes que Hollis é imune inclusive às novas variantes do coronavírus.

“Você poderia diluir os anticorpos dele em 1 para mil e eles ainda matariam 99% dos vírus”, explicou o pesquisador.

O escritor, por sua vez, reconhece que fazer parte da pesquisa foi crucial para identificar sua característica. “Eu sei que não sou a única pessoa que tem anticorpos assim, sou apenas uma das poucas pessoas que foram encontradas”, ressaltou.